O Bom Samaritano



Ele acorda cedo.
Vai pro chuveiro.
Faz bem a barba.
Se seca bem com a toalha.
Toma seu café super farto.

E ao sair ri para o porteiro.

Chega no trabalho,
arruma seu armário.
E manda matar cinco.

Na hora do almoço,
posa de bom moço.

De volta ao escritório liga para a esposa...
“Te amo môzinho...”
Ela acredita piamente que está bem casada.
Afinal é um famoso advogado.
Engomado.
Terno ultra bem passado.
De família nobre.
Mora bem. Na cobertura.

Ao sair do trabalho, ele atropela um mendigo que ali estava sentado.
Não parou nem pra ajudar.

No carro, pelo seu rádio, 
ele manda matar uma velhinha que não pagou aluguel.

Mas de volta ao seu bairro, 
ele sorri ao adentrar na portaria do seu prédio.
Cumprimenta o zelador.
Todos o amam no seu prédio.
Afinal ele tem vários carros.
E o apartamento é próprio.
Mais um entre muitos bens.        

E, claro, ele usa um terno ultra bem passado e sapato lustrado.
O psicopata engomado.
Mal amado.
Mas pelo Estado respeitado.
Aclamado.
No fundo não passa de mais um suicidado.
Coitado.
                     
                     Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013

O Cálice


Ela te dá banho.
Te cuida.
Te leva aonde estuda.
Troca sua blusa.

Troca a sua fralda.
Passa pomada.
Evita a assadura chata.
É uma mulher arrumada.
Crescemos diante essa fada encantada.

O tempo passa...
Se você deixar vai querer fazer também a sua barba.
Passar a sua roupa bem engomada.
Deixar ajeitada.

O tempo avança...
E agora ela briga com a outra.
A que quer roubar-lhe com uma aliança.
O homem sofre.
Mas não pode perder a confiança.

De aliança ou não,
esse rapaz vai ter que seguir...
Correr riscos...
Perigos...
Longe desse abrigo.
Cortar o umbigo.
Deixar o cálice, e tomar o vinho.

É a hora de largar a bóia.
Afogar-se,
pode ser.
Mas só se arriscando,
vai entender.
E ver realmente,
novamente o sol nascer.

Édipo matou o Pai,
Era uma disputa pelo amor da Mãe.
Agora o “Homem Édipo”,
“mata” a Mãe.
E novamente reencontra o seu Pai.
O Pai é o objeto.
O mundo fora do “teto”.
O perigo,
sem tanto abrigo.
Tchau umbigo.
Sou um rapaz destemido.

Na sociedade matriarcal ou em famílias matriarcais,
É como se “Jocasta” matasse “Édipo”.
O trabalho então de Édipo é triplicado.
E, ou ocorre a “castração” dos filhos, ou a formação de 
“Super-Homens”.






                       Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013

A Ilusão da Compreensão Total


O Homem abita e vê o mundo por meio do "buraco da fechadura".
A tentação de abrir essa “porta”,
e ter a visão finalmente total é tentadora.
Mas sabotadora,
não passa realmente de ilusão.

Se uma formiga se tornasse um gigante,
não mais seria formiga irmão.

Neurociência...
Neurocientistas ou neuróticos?
Aja paciência.
Para tanta pseudociência.
Enfim...
Deixo-os nessa eloqüência.
Que redescubram por si,
até onde pode ir a verdadeira ciência.

Aquele que tenta ir muito longe da fechadura
fica cego tão quanto, o de nenhuma razão.
O caminho do meio nego,
é a única solução.

Há instâncias na vida,
que se possível alcançadas,
acabariam com que justamente o É.
"Dizer tudo é o fim do discurso".
A ciência de tudo é a ciência do nada.
Enrolada...
Ciência de piada.

O último lugar que podemos procurar um homem,
e onde ele está,
é em seu cérebro.
A tentação do controle total...
Surreal.

“Quem anda na cabeça dos outro é piolho”.

A justiça sempre se baseará nos fatos.
Que sempre aí hão de estar.

O “controle” da população,
Só e apenas pode vir da educação.
“Camisa de força química” não!
Prisão não!
Repressão não!
É hora de respeitar o Cidadão!
Prisão é feita para bandido então.

É hora de uma nova revolução.
Diferente e ao contrário da Revolução Francesa.
É hora de tirarmos os homens das indústrias.
E lhes devolver tudo que lhes foi roubado.
Expurgado.
Assassinado.
Embotado.
Esmagado.
Vamos enfim pegar de volta tudo que nos foi roubado 
pelos nobres de colarinho engomado.


Torturados...
Nossos filhos sendo esmagados.

A revolução às avessas.
Que rolem as cabeças.
É hora de tomarmos nosso vinho.
Que foi tingido de sangue.

Batizo essa revolução como a: INVOLUÇÃO.

Um movimento pela educação.

As armas são os teclados.

A munição são as letras.

E os disparos, as palavras cheias de verdades.

Não é utopia.
É o dever nosso de cada dia.

                  
                        Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013

A Net



Tomei café...

E falei com o fulano lá do outro lado do globo.

Americano...



Fiz uma reunião com um lá do Japão,

e o outro alemão.

Que confusão.

Sou só um brasileiro irmão.



A minha namorada é russa.

Minha amante holandesa.

E a sogra meio japonesa.



Hoje almocei sem mesa.

O almoço foi no Japão.

E por lá se senta no chão.



No jantar comi massa.

Jantei na Itália.

Em um restaurante chique.

Tinha até uísque.



E tudo isso,

de chinelo,

dentro de casa,

de pijama amarelo,

e de frente para o meu computador.

Pena que o ar quebrou

e estava meio calor.




                      Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013

Criticando a Crítica




Em geral temem a crítica.
Mas por quê?
Se é ela que lhe faz rever.
E entender.

A pior crítica é a melhor de todas.
A vaidade humana,
muitas vezes desprovêem disso,
o burguês bacana.

Não é raro ouvirmos o melhor dos conselhos,
Justamente dos inimigos da gente.
É que justamente e felizmente,
a natureza humana é surpreendente,
não se podendo controlar ou entender um ser humano.
Inteligente...
Pobre gente...

O burguês toca piano.
Mas Beethoven,
fazia a música,
sem poder ouvir,
o som de um soprano.

Não é que o dinheiro seja ruim.
Mas pode causar muito desengano.
Tirando o sujeito do seu plano.
Fazendo meros humanos,
crerem que são deuses,
e não, meros momentos urbanos.

O dinheiro deve pertencer ao homem,
e nunca o contrário.
Viva...
Não seja otário.


                      Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013

Limpar Bosta nos EUA é Chique

Será que bosta americana?
Aquela M de bacana?
Fede menos?
Ou será mesmo só fama?
Fama de bacana.

Madames esnobes viajam...
Viajam atrás dessa grana.
Mas que sacana.
Posam de esnobes,
mas quando ninguém vê,
limpam as bostas dos nobres.
e até arrumam a cama.

Que coisa...
A merda cheira a flores.

Mas que mulher linda...
De cócoras...
Limpando no vaso do banheiro,
muita M,
pra juntar dinheiro.
Desespero!
Já pro chuveiro!

Sou um poeta do povo e para ele escrevo.
Deixo os nobres lerem escondidos no banheiro,
tudo que também gostam,
mas a pose lhes faz esconder debaixo do chuveiro.
Afogam literalmente as magoas no banheiro.


                      Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013

Não Existiria Einstein Sem Careta




A relatividade é tudo na vida.
Um suposto gênio que faz careta.
Para toda gente genial ou normal.
Afinal?
O que é normal?

Normas fazem construções arquitetônicas.
Talvez uma mão biônica.
Mas nunca um Homem.
Homem que vive e sonha.
O gênio faz o prédio.
Mas o prédio nunca faz um gênio.

A mente do gênio se nega à compreensão.
O gênio sabe que a genialidade é abstrata.

Não se almeja salvar a humanidade.
Mas apenas pessoas de mente aberta e boa vontade.

Jamais poderia se imaginar ou sonhar,
a figura do Einstein sem sua bela careta brincar.
Uma careta que subliminarmente,
recoloca o Einstein mais próximo da gente.
E lhe configura,
com ternura,
a genialidade,
da simplicidade.
                         

                     Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013

Solteiro ou Casado Todos Sofrem um Bocado



Cadê o feijão?
Onde?
Hum...
No mercado, claro.
Sou solteiro e enrolo um bocado.

Môzinho, pega uma cervejinha pro maridão, pega?
Hum, claro que não, que idéia.
Sei que ela trabalhou também todo o dia.
Ai, Amélia...

Solteiro come pão duro,
Casado come feijão fresco,
mas dorme com medo do ronco.

Solteiro faz noitada,
Mas tem que lavar a roupa vomitada.
Casado só sai engomado.
Coitado.
Haja saco pra aturar aquele cunhado.

Solteiro mija na tábua
do banheiro,
Pode até dormir no chuveiro.
Também não encontra calcinha suja no banheiro,
nem absorvente no espelho.
Mas casado...Mas casado...
Mas casado...
Casado é quase capado!
Kkkk...
Um cachorrão adestrado.
Mal amado.

Sei lá.
Cada um que sabe da sua praga.
Seja boa ou mal amada.
São mulheres que sempre nos tiram da roubada.


                      Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013